2004/04/27

Os Verdadeiros - Fiscais de Obras

O título faz lembrar um livro do género de "Os Cinco" ou "Os Sete", ou mesmo de um daqueles livros para a pequenada "Uma Aventura". Mas não. Com esta posta pretendo homenagear todos os Verdadeiros que andam por esse Portugal fora a controlar a acção do país.
Obras, acidentes, discussões. Tudo é um bom pretexto para parar no meio da rua e ficar ali durante três ou quatro horas a ver como as coisas andam. Obviamente que pelo meio hà lugar a seis ou sete paragens para malhar uma malga de tinto na tasca mais perto.
É certinho! Há uma obra? Por certo se encontra meia dúzia de Verdadeiros estrategicamente colocados a comentar o andamento da dita. Para além de disponibilizar o seu tempo GRATUITAMENTE, colocam também ao serviço do país a sua experiência e sapiência (para os mais incultos, sapiência é o acto de fazer diferentes pratos com pernas de sapos, ou rãs. Fritas, de escabeche, etc.). Senão, vejamos as frases típicas:
- "Aquele tubo não vai aguentar... Tá visto que daqui a nada rebenta."
- "Furam, tapam e daqui a pouco vão voltar a escavacar. Porque é que não fazem tudo de uma vez?"
- "Olha para aquele anjinho! Estes gaijos não sabem fazer nada!"
- "Tá bonito, tá. Isto só neste país."
- "Depois dizem que o país não anda p'rá frente!"
- "Passam o dia todo sem fazer nada. Depois as obras atrasam!"
- "Aquele passa o dia a ver os outros trabalhar!"
Poderá o leitor mais reles (abstémio) pensar que esta última frase cai que nem uma luva ao Verdadeiro, mas o Verdadeiro tem uma função muito clara: fiscalizar a obra. Logo, não tem que trabalhar braçalmente, tem de ver como a obra avança e fazer dois ou três comentários.
Como referi, outro ponto de fiscalização obrigatório são os acidentes. É certinho... direitinho. Em qualquer sítio, seja que tipo de acidente fôr, existe com certeza um ajuntamento de Verdadeiros a analisar a situação.
- "A culpa é daquele. De certeza!"
- "Olha para a carinha dele. Vinha drógado... aposto!"
- "Este putos novos... são uns aceleras!"
- "Óh amigo, é preciso ajuda ou consegue ir buscar a sua perna ali abaixo à valeta?"
- "Eu telefonava para o 115, mas estou sem saldo."
- "Este já não escapa..."
- "Um carro tão jeitoso... destruído!"
- "Da-se! Tão todos fodidos! É só sangue! Jasus!"
- "Olha-me aquele filho da puta a buzinar! Queres que saia daqui? E quem é que vai ajudar estes desgraçados? Da-se! Há cada um..."
Para além do descrito, resta salientar que graças a estes encontros é sempre possível saber onde está um Verdadeiro com quem se pode ir beber uma malga (ou duas).
Verdadeiros de Portugal, um bem-haja!!!

Pataniscas e tinto!

PS: Já agora, em vossa opinião, porque é que os portugueses têm a mania de parar no meio do passeio quando conversam com alguém, em vez de falar enquanto andam?

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